sábado, 3 de novembro de 2007

A leoa

Todos recordam Domingos Paschoal Cegalla, e sua "Novíssima Gramática da Língua Portugêsa". E, aposto, lembram de um texto que, à menor bagunça, tinhamos de copiar:

A LEOA
(Raimundo Correia – 1860-1911 - para quem não lembra, modernista)

Não há quem a emoção não dobre e vença,
lendo o episódio da leoa brava,
que, sedenta e famélica bramava,
vagando pelas ruas de Florença.

Foge a população espavorida,
e na cidade deplorável e erma
topa a leoa só, quase sem vida,
uma infeliz mulher débil e enferma.

Em frente à fera no estupor do assombro,
não já por si tremia, ela, a mesquinha,
porém porque era mãe, e o peso tinha,
sempre caro p’ras mães, de um filho ao ombro.

(...)

Mas a leoa, como se entendesse
o amor da mãe, incólume deixou-a ..
É que esse amor até nas feras vê-se!...
E é que era mãe talvez essa leoa!

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