quarta-feira, 28 de março de 2012

Saudades do Colégio

Inoxidáveis,

Recebo email de um grande - literal e figurativamente - amigo, Tanaro Bez, também ex-aluno do Catarinense, com belas recordações do seu tempo de  colégio. A turma de 67 é um ponto fora da curva, em número de formandos; talvez algum dia o Tanaro compartilhe essa história conosco. Mas é melhor deixa-los com as palavras dele, pois além de competente médico, escreve muito bem.

"...como já passei por todas essas salas antes de vocês,  menos antigos ex-alunos, e lembro-me perfeitamente que quem era o titular daquela citada sala , na minha época colegial, ninguém menos que o célebre  Pe. João Alfredo Rohr  S.J., o arqueólogo dos sambaquis, e tambem professor de Química (essa era a sala dele) ... que mais adiante foi-se distanciando da docência colegial para dedicar-se exclusivamente à arqueologia. Pois bem, para seu substituto os padres contrataram para lecionar nessa sala um que foi meu professor e posteriormente colega de profissão, nosso saudoso "Bauru", ....vindo a ser substituído por um outro jesuíta da mais alta competência e modéstia ímpar, que foi o Pe. Eulógio, tambem jesuíta, e grande mestre de Química. Muitas experiências de reações químicas tive a satisfação de realizar nessa sala, e a imagem faz-me retornar ao passado até mesmo com muita SAUDADE e ao mesmo tempo traz-me uma certa nostalgia. Mas não deixa de ser um sentimento da melhor qualidade, pois a SAUDADE não deixa de ser "um passado com vontade de futuro", mas como essa "vontade" é materialmente inviável, daí resulta a tal nostalgia referida.   Essa sala questionada no teu blog ficava situada no andar térreo , junto a um pátio onde havia um bebedouro, e rodeado (o pátio) por outras salinhas de aula que eram conhecidas pelos alunos como "galinheiro", e tinha ao fundo a "horta" do Colégio. 
 
Estive nesse honrado e bravo Colégio de 1960 (Diretor Pe. Braun) a 1967 (Diretor Pe. Eugênio Rohr - vulgo "Cacareco"), e talvez a planta física tenha sido alterada quando da tua passagem por ali, mas orgulho-me eu, bem como minha esposa e nossos filhos, de termos estado em seus corredores, suas salas de aula, e suas "Olimpíadas" durante uma boa parte de nossas vidas, e que nos trazem SAUDADE.
 
"SAUDADE É O PASSADO COM VONTADE DE FUTURO" (Dr. Amílcar Gigante).   E TODOS NÓS VIVEREMOS PARA SEMPRE COM ESSA VONTADE DE REVIVER O Colégio Catarinense.
....
Lembro-me que no meu curso ginasial, o qual conquistei com um "exame de admissão" muito sério, justo, disputado e selecionador no verdadeiro sentido da palavra, onde os que eram reprovados iam juntar-se aos que não possuiam idade suficiente para ingresso no "ginásio",...


.... tive a honra e privilégio de conviver com pessoas do mais alto nível de dignidade em ambos os lados : dos ensinadores e também dos ensinados. Éramos preparados para a vida, para a vida decente e honesta, com ética, respeito ao próximo, e com valentia e bravura para enfrentar futuros desafios que se impusessem pelo caminho. Notava-se claramente o diferencial que existia nos alunos daquela casa, ....


As brincadeiras de mau-gosto, as infrações ao regulamento do colégio, os atrasos após o último sinal enviado por um sino de bronze aposto num dos beirados do "galpão", não comportar-se com decência e ordenadamente na fila, a não apresentação de "temas" passados para casa, eram julgados pelo "padre prefeito" como infrações graves, passíveis de punição do "infrator" ( alunos de ginásio = crianças de 10 a 14 anos em média), e que acabavam em "prisão", que era sem perdão registrada na caderneta escolar com um carimbo grande : "RETIDO", e necessitava de endosso por parte dos pais, cientificando-os que o aluno estaria "preso" na primeira tarde de sábado próxima, onde era obrigado a  "copiar" manualmente e por extenso, o Regulamento do Colégio, das 13:00 até as 18:00 hs. Isso funcionava como castigo para levar o infrator de volta à disciplina e corrigir os seus deslises apurados em tempo de recuperar-se. Isso significava que tínhamos confiscado o tão esperado fim de semana, por termos cometido algum "ilícito" estudantil.
 
Lá aprendíamos ensinamentos que estavam fora do curricullum escolar, e que eram para sempre, não só até passar-se num exame vestibular de qualquer faculdade.
 
Creio que hoje não se adote muitas das "técnicas" de ensinamento daquele tempo, e talvez esse fosse o caminho a ser retomado pelos estudiosos e autoridades pagas com o dinheiro público, buscando colocar esse "trem" novamente nos trilhos, de onde saiu há tanto tempo, e segue desencarrilhado até não se sabe onde, e transportando muita "alegria".
....
"Educação é aquilo que permanece quando alguém esquece tudo que aprendeu no colégio" (A. Einstein). Se do Colégio Catarinense esquecêssemos tudo que era ensinado dentro do currículo escolar, certamente restaria uma imensa parte, nada despresível para seus ex-alunos de outros tempos que não voltam mais."


Denecessário comentar as palavras do Tanaro, porém como sou bocudo, gostaria de registrar uma oração que há muitos anos li, que confirma as colocações do meu amigo:
"Assim como toda educação emana um futuro, todo o futuro emana da educação".

Nenhum comentário: